“A Última Sessão de Freud”, drama dirigido por Matt Brown e disponível na plataforma Max, ambiciona recriar um encontro hipotético entre o pai da psicanálise, Sigmund Freud, e o renomado escritor e teólogo C.S. Lewis. No entanto, a promessa de um embate intelectual entre dois titãs do século XX se esvai em uma obra que, infelizmente, não alcança o potencial latente em sua premissa.
A narrativa é constantemente interrompida por flashbacks desnecessários e mudanças abruptas de assunto, impedindo que o diálogo entre os protagonistas ganhe a profundidade necessária. Anthony Hopkins, como sempre magistral, entrega uma performance visceral como Freud, capturando a sagacidade e o ceticismo do psicanalista. É, sem dúvida, o farol que guia o filme em meio à névoa narrativa. Em contrapartida, o C.S. Lewis de Matthew Goode, embora competente, carece do brilho e da efervescência intelectual que marcaram o autor de “As Crônicas de Nárnia“.
Ironicamente, é o Freud de Hopkins quem parece encarnar a verve e a paixão argumentativa que se esperaria do líder dos Inklings. O roteiro, embora evite o erro comum de superutilizar citações literais – como aconteceu também em “O Mais Relutante dos Convertidos”, outra adaptação da vida do teólogo britânico – parece baseado em um conhecimento superficial da obra de Lewis, construído a partir de frases populares e pontos mais conhecidos de sua biografia.
O filme encontra seu momento de respiro no clímax, quando, finalmente, os flashbacks dão trégua e os protagonistas se entregam a um debate mais acalorado sobre fé e razão. É um vislumbre do que “A Última Sessão de Freud” poderia ter sido: um confronto eletrizante entre duas visões de mundo antagônicas. Contudo, esse momento de lucidez chega tarde demais e se dissipa rapidamente. A narrativa, ao tentar abraçar múltiplos aspectos da vida de ambos os personagens, se dispersa e dilui o foco, sacrificando o potencial de um duelo intelectual memorável.
Com 45% de aprovação da crítica e 72% do público no Rotten Tomatoes, “A Última Sessão de Freud” é uma oportunidade perdida de explorar o fascinante confronto entre duas visões de mundo distintas. O filme demonstra que nem mesmo a presença do sempre excepcional Anthony Hopkins é suficiente para elevar um roteiro que não sabe exatamente o que quer dizer.
O filme se encontra disponível no Brasil na Max.