Os cristãos da China tem enfrentado uma pressão cada vez maior desde a ascensão de Xi Jinping, como relatamos no mês passado. E pelo menos desde 2017 foram relatadas trocas de imagens e estátuas em igrejas por fotos dos líderes do Partido Comunista. E um relatório do governo dos Estados Unidos aponta que centenas de Igrejas foram fechadas na China nos últimos anos. Inclusive a maior igreja não-oficial do país, a Igreja de Sião em Pequim, que tinha mais de mil membros.
Mas este ano, apesar da pandemia do Covid-19 originada no país, os esforços anti-religiosos aumentaram ainda mais. Um relatório da ONG Bitter Winter, que acompanha as violações de direitos religiosos no gigante asiático, reportou que em Abril deste ano oficiais do Partido Comunista entraram em casas na província de Shanxi ameaçando a todos os que não substituíssem as imagens cristãs por fotos de líderes do Partido com a perca de benefícios sociais.
Relatos da perseguição
“Foi exigido que todas as casas dos bairros pobres da cidade tivessem as fotos de Mao Tsé-Tung”, disse um pastor da região para a ONG. “O governo está tentando eliminar nossa fé e quer se tornar Deus no lugar de Jesus”.
Cenas se repetiram em maio na província de Shandong, quando oficiais entraram na casa de uma família de cristãos com retratos de Mao Tsé-Tung e de Xi Jinping e disseram: “Esses são os maiores deuses. Se vocês quiserem adorar a alguém, adorem a eles.”
Da mesma forma, uma senhora de 80 anos na província de Jiangxi perdeu o direito de receber auxílio pensional após agradecer a Deus pelo benefício. “Eles esperavam que eu adorasse a bondade do Partido Comunista”, contou ela. E por último, uma outra anciã também perdeu o auxílio básico social na província de Henan após as autoridades perceberem que ela tinha colocado uma cruz na porta da casa. “Eles a retiraram imediatamente. Depois, meus dois auxílios mínimos para sobreviver foram cancelados. Eu estou sendo encaminhada para a morte. Tenho diabetes e preciso de injeções”, ela explicou.
Perseguição tem se intensificado
Para alguns membros do Partido Comunista Chinês, a religião é a causa da pobreza de muitos cidadãos. Foi só em 1979 que o governo chinês voltou a permitir cinco religiões baixo sua supervisão, mas desde a reabertura elas só podem operar debaixo da estrutura do estado, com diversas restrições e com formas distintas de aceitação e de perseguição.
De acordo com o South China Morning Post, Qi Yan, o presidente de uma das assembleias locais teria dito que “muitos camponeses são ignorantes, acreditam que Deus é seu salvador, mas depois do trabalho dos líderes se darão conta dos seus erros e verão que já não devem apoiar-se em Jesus, mas no Partido Comunista.”
Além disso, a comunidade internacional tem atentado cada vez mais para os campos de concentração usados contra a minoria muçulmana no país.
Atualmente, a China aparece no 23º lugar no Ranking de Perseguição ao cristianismo divulgado anualmente pelo Portas Abertas. Saiba mais da situação do país nesta matéria.
Com informações do Christian Post e da ONG Bitter Winter.