‘O mais relutante dos convertidos’ conta a história de C. S. Lewis, mas peca na falta de criatividade

Parte da história de C. S. Lewis já foi contada no filme ‘Terra das Sombras’. E teremos outra visão da vida dele no ‘A última sessão de Freud’, que estreia ainda este mês. Mas espero que o caminho deste não seja o de ‘O mais relutante dos convertidos’. Filme estreado em 2021 que conta a história de conversão do autor de ‘As crônicas de Nárnia‘ e ‘Cristianismo puro e simples‘.

A escolha de fazer um filme onde 60%-70% é do próprio Lewis narrando a sua própria vida, com uma coletânea de passagens e frases que qualquer um que já leu sobre ele já ouviu alguma vez, me parece tediosa e não apropriada para um filme. Por mais que a direção saiba disso, e tente aliviar esse aspecto fazendo o Lewis caminhar o tempo todo de um lugar para outro em Oxford. 

As pessoas esquecem que Lewis tinha uma vida ativa além de argumentos apologéticos. E uma abordagem mais ‘O dom da amizade‘, com cenas explorando o dia a dia do autor caberiam melhor no formato de filme do que um ‘Surpreendido pela alegria‘ com imagens de fundo.

E não digo que isso não poderia ser explorado, além do mais, o nome do filme é ‘O mais relutante dos convertidos’. Mas isso preciso seguir a regra do cinema de ‘show, don’t tell’ (mostre, não fale).

Me surpreende que essa tenha sido a escolha, quando o Norman Stone, diretor do filme, trabalhou anteriormente em uma adaptação dos últimos anos da vida de C. S. Lewis e de seu casamento com Joy Davidman, chamado ‘Terra das sombras’, e não caiu neste erro. E quando o ator principal, Max McLean, mostra tanta capacidade de atuação.

O Lewis ficar narrando o tempo todo, por mais bonita que seja a linguagem, que pensou tal e tal coisa de cada acontecimento de sua vida deixa pouco espaço pra o espectador sentir e pensar alguma coisa junto com a vida do Lewis. Nem mesmo a famosa cena da conversa entre Tolkien e Lewis sobre mitos atinge o seu potencial por causa disso. 

Mas esse é um problema constante em produções cristãs, e não é exclusivo desse filme.

E não quer dizer que o filme não possa ser apreciado pelo que ele é: um filme de baixo orçamento que conta, com suas limitações, a vida de Lewis.



Atualmente, a produção não se encontra disponível em nenhum serviço de streaming disponível no Brasil, precisando ser alugado por fora. O Fellowship for performing arts (FPA) disponibiliza do filme para aluguel digital por 3 dias através deste link.

De acordo com a cotação do dólar na escrita da matéria, o aluguel custa R$28,34. Mas o preço é variável.

E, apesar do filme estar disponível na Play Store e na Apple TV nos EUA. Esta opção ainda não chegou ao Brasil.

Deixe o seu comentário

Rolar para cima