Com o avanço do cerco na cidade portuária de Mariupol, crescem os relatos de ordem de prisão a pastores na zona. Há poucos dias, o pastor Alexander Glushko da Igreja Evangélica Luz do Mundo foi preso dentro de casa, após encontrarem um diploma de teologia em uma busca a seus pertences. Se acredita que ele tenha sido levado para a prisão em Dokuchaevsk, perto de Donetsk, mas sua família não recebeu nenhuma informação das forças ocupantes além de que eles não teriam o direito de visitá-lo.
Em outro caso, um pastor que foi colocado em lista negra na região de Mariupol conseguiu fugir ‘por um milagre’, mas o prédio da Igreja, onde sua família também morava, foi confiscado e os cultos foram interrompidos. Além disso, outras casas pastorais e lugares de reunião terminaram sendo destruídas pelos ataques. A cidade ucraniana está a dias sofrendo do cerco russo, sem eletricidade e sendo conquistada quarteirão a quarteirão. E se relata que 90% da infra-estrutura tenha sido danificada.
Pavel, um evangelista que conseguiu sobreviver à perseguição na antiga União Soviética e continua atuando na Ucrânia, acredita que os pastores estão sendo alvos por serem considerados ‘patriotas’ e seriam contrários as forças russas no país vizinho. Os evangélicos também são vistos como ‘espiões dos Estados Unidos e do Ocidente’.
A igreja local, entretanto, segue resistindo com fé. Em uma das igrejas, cerca de 40 pessoas incluindo crianças, têm se abrigado dos ataques russos e se reunindo diariamente pela manhã para orar e cultuar.
Os casos de banimentos de igrejas evangélicas por parte de forças aliadas aos russos na Ucrânia não são recentes. Os governos de Luhansk e Donetsk impuseram várias dificuldades para o registro de igrejas evangélicas na região, dando prioridade à Igreja Ortodoxa Russa ligada a Putin. Também foram banidos vários livros religiosos, como os escritos de Billy Graham e Charles Spurgeon, que foram colocados na Lista de Materiais Extremistas. De acordo com a Lei de Religião decretada em 2018 em Luhansk, todas as igrejas da região deveriam se registrar novamente para manter suas atividades, mas desde então nenhuma igreja tradicional, batista ou pentecostal teve suas atividades aprovadas. Se teme que o mesmo tratamento seja dado a igrejas sobre ocupação russa no resto da Ucrânia.
A própria Rússia não está isenta de leis que ameaçam a liberdade religiosa. A lei Yarovaya aprovada em 2016 tem restringido atividades missionárias e evangelísticas, caracterizando-as como proselitismo proibido. Os Testemunhas de Jeová foram banidos no início de 2017, e todas as igrejas com ligações com o exterior são vistas como suspeitas.
Oremos pela situação da Igreja na Ucrânia e na Rússia. E para que o conflito armado termine garantindo a paz.
Com informações do Release International e Portas Abertas.