Não existe gente “comum”. Você nunca falou com um simples mortal. As nações, as culturas, as artes, as civilizações — essas são mortais, e a vida delas está para a nossa como a vida de um mosquito. Mas é com criaturas imortais que brincamos, trabalhamos ou casamos, e a elas que desdenhamos, censuramos ou exploramos — horrores imortais ou esplendores perenes.
Em 8 de Junho de 1941, C. S. Lewis saiu de The Kilns, a residência que ele compartilhava com seu irmão mais velho, Warnie, e com a Sra. Janie Moore, mãe de um companheiro que morreu na Primeira Guerra Mundial, a quem tinha feito a promessa de cuidar.
Era uma agradável noite de domingo, com uma brisa suave no ar e uma temperatura de 11° C. A viagem de cinco quilômetros durou aproximadamente quinze minutos de carro. E eles chegaram até o seu destino, uma igreja da Universidade de Oxford, aonde Lewis daria o seu sermão. O escritor irlandês pregou várias vezes durante sua vida. Mas a maioria dos registros datam os anos 40, quando ele pregou quase 20 sermões, muitos como voluntário na Força Aérea Britânica (RAF).
Enquanto subia ao púlpito, Lewis observou os estudantes de Oxford, no que Walter Hooper descreveu posteriormente de ‘um dos maiores públicos já reunidos ali nos tempos modernos’. A ansiedade para escutar Lewis deve ter sido significante, mas os ouvintes mal poderiam ter predito que aquele seria um dos sermões mais famosos do século XX, ainda lido e apreciado quase oitenta anos depois.
O título do sermão, “O peso da glória”, vem de 2 Coríntios 4.17: “pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.”
Anos depois, o texto seria reunido com outros escritos de Lewis. E se tornou popular especialmente através de John Piper, que o descobriu em 1968 perto do seminário teológico. “A primeira página daquele sermão,” diz Piper sobre a passagem inicial, “é uma páginas de literatura mais influentes que já li”. “Ali estava em preto no branco,” continua ele, “e para a minha mente era uma ideia totalmente atrativa: não é coisa má desejar o nosso próprio bem. Na verdade, o grande problema dos seres humanos é se contentar com muito pouco. Eles não buscam o prazer de forma resoluta e apaixonada como deveriam. E assim, se conformam com bolos de lama em vez da satisfação infinita.”
Desta forma, “O peso da glória” entrou no grande corredor de clássicos de C. S. Lewis para ler e reler.
Texto original escrito por Justin Taylor para o The Gospel Coalition. Traduzido e adaptado por Rilson Joás para o Narniano.